Tecnologia e regulamento nos serviços de poscontratação

Expansão

No âmbito da XI Jornada Securities Services, organizada pelo Cecabank e o Expansión, em colaboração com a FundsPeople, diversos especialistas analisaram os principais desafios enfrentados pelo setor de pós-contratação, tais como a transição para o modelo T+1, a digitalização e a necessidade de reforçar a resiliência operacional.

O modelo T+1, a digitalização e a exigência de uma maior resiliência operacional são os desafios para os serviços de pós-contratação, fundamentais no sistema financeiro.

O setor de pós-contratação está a adaptar-se à transformação tecnológica, à pressão regulatória e à integração dos mercados financeiros. A transição para o modelo T+1, a adoção de ativos digitais e a necessidade de reforçar a resiliência operacional tornaram-se prioridades fundamentais para o setor. Estes desafios foram o foco da XI Jornada Securities Services, organizada pelo Expansión e o Cecabank, com a colaboração da Funds People.

A transição para o modelo T+1 tornou-se uma prioridade para o setor financeiro europeu. "Deve ser feita o mais rapidamente possível e de forma criteriosa para garantir uma transição sem problemas", sublinha Carlos San Basilio, presidente da CNVM. O setor de gestão de ativos espanhol é robusto, não obstante indique que a concorrência e o aproveitamento das vantagens de pertencer à União Económica e Monetária Europeia devem ser fomentados.

Desafios

Ainhoa Jaúregui, CEO do Cecabank, concorda que o sistema financeiro está a atravessar uma profunda transformação: "Os avanços tecnológicos e as expectativas dos clientes exigem que as nossas prioridades sejam redefinidas. Temos de nos adaptar, antecipar e liderar".

O grande desafio do T+1 é "fazer da forma correta e em comunidade", explica Jesús Sánchez, head of settlement services da BME. O modelo exige dispor de liquidez suficiente em prazos mais curtos para sustentar o funcionamento do mercado de valores e dos serviços bancários. A implementação deve ser integral: "Não basta que as infraestruturas estejam prontas, a comunidade deve também estar preparada".

Benoit Dethier, sales & relationship manager do Citi, enfatiza que a transição para T+1 nos EUA foi um sucesso, mas "muito mais exigente do que o esperado". O modelo pode impulsionar a competitividade europeia. "Temos a mesma capacidade de poupança que os EUA, mas não tornamos o nosso mercado atrativo para os investidores", salienta Dethier.

Juan Alfonso Rando, diretor de valores mobiliários do CaixaBank, destaca que "a interoperabilidade entre os mercados europeu e americano será uma grande vantagem para os clientes". Incentiva as entidades a reverem e ajustarem os seus processos internos para facilitar a automatização, acrescentando que "as operações bilaterais continuarão a ser um desafio que exige a definição de dados estáticos até ao último momento, o que dificulta o cumprimento da trade date".

Elisa Ricón, diretora geral da INVERCO, defende a necessidade de impulsionar o empréstimo de valores mobiliários: "É uma forma de oferecer mais rentabilidade sem aumentar o risco para os participantes". Defende igualmente a simplificação da regulamentação e o reforço do papel da poupança e do investimento como pilares económicos do país.

Se quisermos competir a nível europeu, é fundamental eliminar todas as barreiras operacionais: "Temos de dispor dos mesmos instrumentos que as gestoras e depositárias de outras jurisdições dispõem", adverte Gloria Hernández, representante da Adepo e sócia da finReg360.

A procura por serviços relacionados com criptomoedas cresce rapidamente. “Temos de encontrar o equilíbrio entre esta procura e a oferta institucional”, explica Alberto Goyanes, responsável pelos digital assets da Renta 4. A tecnologia que sustenta os criptoativos tem o potencial de redesenhar a totalidade da infraestrutura financeira: A custódia de criptomoedas pode ser alargada a outros ativos tokenizados.

Isabel Gómez, diretora de transformação e inovação do Kutxabank, reconhece que a adaptação ao quadro MiCA é desafiadora: "Tivemos de sincronizar um banco tradicional com um novo ambiente mais dinâmico e inovador". A chave foi gerir os medos e as incertezas internas, concentrando-nos em dar resposta às novas necessidades dos clientes.

"O maior desafio foi encaixar o quadro jurídico tradicional na regulamentação MiCA", explica Mariona Pericás, diretora de regulamentação financeira da finReg360. As instituições devem equilibrar seu impulso inovador com a proteção e a confiança do cliente.

A aplicação da inteligência artificial e de LLM no setor financeiro "é um avanço que permite a inclusão de muitas pessoas em serviços aos quais até agora não tinham acesso, se as coisas forem feitas corretamente e com transparência", afirma Francisco del Olmo, subdiretor responsável por fintech e cibersegurança na CNVM.

Rodrigo Buenaventura, secretário-geral da IOSCO, adverte que "é provável que o próximo incidente grave nas infraestruturas de mercado resulte de um ataque cibernético, não de um risco financeiro". O crescente uso de fornecedores externos preocupa a IOSCO, devido à concentração de riscos e à dependência daí resultante.

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